sexta-feira, 1 de abril de 2011

A busca pelo tratamento igual entre atletas olímpicos e paraolímpicos na mídia


Para as Olimpíadas tudo, Paraolimpíadas nada. Exagero? Então, lanço agora um desafio, responda de bate pronto o nome de três atletas com chances de medalha nas próximas paraolimpíadas? Vamos facilitar: de qualquer modalidade. E aí? Lembrou? E o desafio continua: quantas notícias na mídia esportiva você lê por dia sobre atletas paraolímpicos? Quantas manchetes de jornais sobre uma conquista desta categoria? E aquele portal líder de audiência esportiva que você acessa várias vezes ao dia, quantos matérias sobre atletas portadores de deficiência? E mais, atletas se transformam em verdadeiros mitos nacionais, heróis, já os paratletas são apenas, quando são, símbolos e exemplos de superação.

Mas neste mês de março, mais um exemplo de que o jogo pode e deve virar até, pelo menos, as olimpíadas de 2016. O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) homenageou, no dia 18, o Comitê Organizador Rio 2016 pela comemoração dos 2.000 dias para a abertura dos Jogos Paraolímpicos do Brasil. O presidente do CPB, Andrew Parsons, entregou ao diretor geral do Comitê Organizador Rio 2016, Leonardo Gryner, uma placa, agradecendo o empenho da instituição no planejamento dos Jogos.

A proposta é dar aos dois eventos um tratamento igual, pelo menos, os organizadores estão atentos a isso. Mas, e você? A parceria entre os dois comitês teve início em 2001, quando foi lançada a candidatura para o Pan e Parapan em 2007. E um dos principais legados do Pan foi que a mesma cidade sediasse as duas competições.

Analisar e ampliar as discussões sobre as relações entre a mídia e o esporte para portadores de deficiência, principalmente entre mídia e paraolimpíadas não é a missão primordial do Bela da Bola. Nossa proposta é sim, dar espaço em nosso site para que essa categoria esportiva seja tão e igualmente bem tratada como as demais.

Por exemplo, ainda neste mês de março, foi estabelecida para os próximos quatro anos pela Comissão de Esporte e Lazer da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pelo deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB), o compromisso da busca pelo tratamento igual entre atletas olímpicos e paraolímpicos.Para o deputado, é fundamental que todos sejam tratados da mesma maneira: “Se ambos os atletas superam limites e buscam resultado, por que serem tratados de forma desigual? Temos que ir atrás de investimento em igualdade de condições”, afirmou o parlamentar para a equipe de comunicação da Alerj.

Já o deputado Márcio Pacheco (PSC), suplente da comissão e atual presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, o preconceito precisa acabar, uma vez que os atletas paraolímpicos brasileiros são referências em todo o mundo: “É necessário que se incentive esse fomento do desporto paraolímpico, para que tenhamos uma forte base para as próximas competições que estão por vir. Deficiência não é uma doença, é uma limitação. Temos no esporte uma excelente via para que essas pessoas, tidas como excluídas, alcancem seu reconhecimento”, afirmou o parlamentar também para a equipe de comunicação da Assembleia Legislativa.

Pensando no rendimento dos atletas para as próximas Paraolimpiadas, o presidente do Instituto Superar, Marcos Malafaia, afirmou que o atleta paraolímpico tem o mesmo valor que os demais: “A prova de que não temos qualquer tipo de preconceito é que aceitamos o desafio e acreditamos no projeto até hoje. Se começarmos a entender que independente da limitação do cidadão, ele continua sendo um atleta, muita coisa pode mudar. O nosso trabalho é detectar talentos dentro das comunidades e depois levarmos estes jovens para equipes profissionais”, disse.

Então nossa proposta também vai ser essa, ter um papel importante na desmistificação da deficiência, combatendo o preconceito e levando a sociedade em geral, apaixonada por esporte, a adquirir uma nova postura diante dos indivíduos portadores de deficiência: Nem coitadinhos, nem heróis, apenas pessoas comuns com potencialidade de desenvolvimento e algumas dificuldades específicas. Só.
 
Por Viviane Mariano do BELA NA BOLA

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